Achei em uns antigos backups aqui no escritório um cd com minhas colunas para a revista WWW. Escrevi estas colunas nos anos de 2005 e 2006. Como elas ainda não estavam disponíveis para os leitores do blog, resolvi colocá-las aqui aos poucos. O que replicarei no blog é o texto bruto, enviado para os editores da revista. Os textos podem estar antigos e, ainda, terem erros. Conto com vossa compreensão. Boa leitura!
Coluna enviada para a revista WWW no dia 25 de agosto de 2006
Num mundo perfeito…
Num mundo perfeito, muita coisa seria diferente. As pessoas não repassariam correntes. Os celulares e laptops gratuitos não seduziriam os incautos a enviar mensagens desnecessárias para enormes listas de destinatários.
Em momentos em que enviar uma mensagem para uma grande lista se faz necessário, num mundo perfeito, as pessoas esconderiam os endereços dos destinatários das mensagens no campo de cópia oculta das mensagens. Além disso, num mundo perfeito, as empresas aprenderiam que enviar mensagens comerciais não solicitadas é ruim para sua imagem e reputação.
Num mundo perfeito, os worms, cavalos de troia e virus não assustariam tanto, pois deixaríamos de enviar e – principalmente – receber mensagens de e-mail compostas em HTML.
Os e-mails não conteriam anexos desnecessários. Nada de vídeos dentro das mensagens. Apenas links, indicando que o vídeo da piadinha da hora está disponível no YouTube. Falando nisso… Num mundo perfeito, celebraríamos a criação de um site tipo o YouTube, mas só que ao invés de vídeos, seriam hospedados os famosos arquivos do powerpoint, que tanto nos atormentam com as infames fotinhas de criancinhas fofinhas e animais engraçadinhos.
Aquelas mensagens que vão além, forçando as rimas para falar da importância da amizade e do amor por meio de letrinha scoloridas e animadas acompanhadas de um não menos chato fundo musical nem chegariam a nossas caixas postais.
Num mundo perfeito, as pessoas deixariam de lado o péssimo hábito de subverter as regras gramaticais e assassinar o nosso idioma em troca de alguns toques a menos nos teclados. A gritaria em caixa-alta praticamente desapareceria.
Num mundo perfeito, o conteúdo dos sites e dos textos que colocamos na web não seriam copiados indiscriminadamente sem que fosse citada a fonte da informação. O plágio, tão deplorável, seria minimizado.
Os sites não teriam introdução em flash e nem splash-pages. Os microsites seriam chamados de microsites e não de sites quentes. Num mundo perfeito não sofreríamos com sites e peças publicitárias interativas que têm áudio, mas não oferecem a opção de desligá-lo.
Num mundo perfeito, o compartilhamento de arquivos via redes P2P não seria encarado como pirataria, pois cairia a ficha de que quem mais baixa arquivos de música é – coincidentemente – quem mais compra discos.
Num mundo perfeito, o acesso a determinados sites e serviços, o uso de mensageiros instantâneos e de software de VoIP não seria travado por gerentes de redes obcecados por proibições e restrições. Isso porque, num mundo perfeito, as pessoas saberiam usar com moderação todos os recursos que têm a seu dispor.
Num mundo perfeito, o argumento mais usado por nove de cada dez gerentes de rede de que estas proibições ocorrem apenas por questão de segurança cairia por terra, uma vez que eles (os gerentes de rede) aceitariam o fato de que a maior porta de entrada de virus nas empresas é o e-mail, e não faz sentido proibí-lo.
Finalmente, num mundo perfeito, as pessoas fariam excelente uso da rede.
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