Abandonando a mediocridade

Este é o segundo de dois posts muito especiais resgatados dos arquivos do blog. Eles tratam do apagão de mão-de-obra qualificada no Brasil. Em especial no setor de comunicação e tecnologia. São 05 textos que consolidei em dois posts. Originalmente foram publicados em julho de 2010.

Abandonando a mediocridadeParte 01 – Produção Web

Aproveitando o momento de choque de realidade proporcionado pelo post sobre o apagão da mão-de-obra, imagino que seja interessante para muita gente saber como reverter a situação atual e deixar de ser um estudante ou profissional medíocre. Começarei pela Produção Web.

Então…  O Sérgio e o Dito deram algumas dicas nos comentários do post. Darei sequencia a elas e procurarei proporcionar algum tipo de auxílio a quem quer sair desta desconfortável posição.

Em primeiro lugar, é legal verificar se você faz parte do contingente de estudantes / profissionais medíocres. Para tanto, faça algumas ponderações:

  • Você já recebeu alguma negativa em um processo de seleção de alguma empresa sem motivo aparente ou com a justificativa de que sua qualificação ou conhecimento estão aquém do demandado para a vaga? Não vale aqueles casos em que você mandou um portfólio ou CV e a empresa nem respondeu. Existe muita empresa mal-educada que não dá retorno aos candidatos. Nestes casos, não necessariamente a questão é com o candidato…
  • Você acha que as exigências listadas nas vagas ofertadas são muito altas dentro da sua área de formação? Ex: Se você quer trabalhar com produção, acha que é muito abuso da empresa querer que você saiba PHP ou domine JavaScript?
  • Você desconhece mais do que 25% dos itens exigidos nas descrições das vagas para as quais você pensa em se candidatar ou se candidata? Ex: Você não sabe o que é JQuery, Tableless, APIs…

Se você respondeu “sim” a pelo menos uma dessas perguntas, uma mudança de atitude profissional é imperativa pois, necessariamente, você se encaixa naquela categoria de profissionais / estudantes e talvez seja esta a causa de sua posição atual.

Mas não tema… Há sempre o que fazer para mudar a sua situação. Abaixo, algumas coisas importantíssimas.

  1. Capacite-se em inglês. Faça urgentemente um curso e trate de dominar o idioma. Já disse um milhão de vezes e direi enquanto achar suficiente. Antes de sair fazendo cursos específicos ou pós-graduações, faça um curso de inglês. O conhecimento deste idioma será importante para você tirar melhor proveito de qualquer curso que quiser fazer.
  2. Busque conhecimento em fontes gratuitas online. O Dito mencionou o Lynda, mas tem também o php. net, o w3schools, o próprio w3c e o site do Maujor (para não dizer que não mencionei ninguém que propaga informação bacana para capacitação em português). Nestes sites há muito conteúdo bacana para você aprender muito sobre HTML, JavaScript, CSS e PHP (ferramentas muito importantes para quem quer trabalhar com Produção Web). Faça os tutoriais, tenha paciência e dedique-se… É compreendendo seus erros (mesmo os exercícios mais básicos reservam desafios) que você aprenderá de verdade.
  3. Compre um livro. Recomendo o do Maujor e o dos Deitel. São abrangentes o suficiente para ajudar quem já conhece um pouco e também quem não conhece nada. Adicionalmente, dê uma olhada nos títulos da editora Novatec (vale sempre explicar que eu não estou recomendando nada em troca de dinheiro ou de qualquer outra coisa). Eles têm bons títulos. Coma estes livros. Entenda o que está lá. Estude, leia e releia.
  4. Dedique-se e pratique! Exercite-se bastante. Construa os exemplos dos livros e depois faça os seus próprios… Coloque o que você fez no ar em um site seu. Apareça.
  5. Quando você começar a dominar o assunto, mostre o que você sabe. Discuta sobre o assunto num blog e mostre o que você sabe fazer em um site seu. Além de ajudar mais gente, você mostrará o quanto sabe e colocará a sua cara a tapa. Discuta suas ideias e mostre do que você é capaz.
  6. Como o Sérgio falou, pense diferente. Quando você começar a dominar algum assunto, pensar fora da caixa será natural. Exercite esta capacidade e mostre do que você é capaz. Pense em soluções alternativas e caminhos mais fáceis que coloquem em prática o que você aprendeu.
  7. Por último, volte a se candidatar as vagas que antes eram impossíveis para você. Aposto que os resultados começarão a ser diferentes.

É claro que esta é uma lista pequena e muito simplificada, mas é um ótimo começo. Tenho certeza que depois de chegar nas etapas 4 ou 5 você perceberá mudanças sensíveis em sua capacidade profissional e em sua postura.

Não tenha dúvidas de que você só terá a ganhar estudando, se capacitando, adotando uma postura humilde e pensando de forma diferenciada. Não há contra-indicações.

Bem, espero ter ajudado… Em breve, novas dicas para quem quer se aventurar em outras carreiras ligadas a comunicação e tecnologia.

Parte 02 – Design de Interfaces

Dando sequencia às reflexões sobre o apagão da mão-de-obra qualificada – especialmente no mercado de comunicação e tecnologia – aventuro-me neste post a falar sobre o design de interfaces.

É incrível perceber, gostaria de ressaltar antes de começar o post em si – como é comum vermos hoje em dia (em pleno ano de 2010) que tem gente que chama o designer de interfaces de webdesigner… Questãozinha que me dá até preguiça… Mas é legal deixar claro que não se trata da mesma coisa. O que se chamava no passado de webdesigner não existe mais hoje; era aquele profissional que, sozinho, dava conta de toda a produção de um site. Hoje, feitas as devidas adaptações, o webdesigner estaria mais para um gestor de projetos do que para um cara que desenha interfaces em si. Este cara, o que desenha as interfaces, e o seu trabalho são os pontos centrais de minha reflexão de hoje.

Falando sobre este trabalho, então, não é difícil percebermos que tem muita gente querendo trabalhar com isso. Entretanto, novamente temos aqueles grandes agrupamentos de categorias (ou capacidade / qualidade) dos profissionais…

  • Uma minoria ínfima tem talento e é capaz de propor algo novo e bacana.
  • Um grande contingente simplesmente replica o que vê e tem certo domínio da ferramenta para execução e, com isso, mantém-se no mercado sem muito destaque.
  • Um contingente ainda maior que o anterior é de gente ruim de serviço.

Como todo mundo quer sempre subir um degrau nesta escala de qualidade profissional, espero aqui ajudar com algumas dicas. De quebra, imagino que ajudarei algumas pessoas a abandonarem o estado de mediocridade profissional e garantir seu lugar ao sol. Obviamente seria um delírio achar que todo mundo deveria (ou conseguiria) se encaixar no estágio avançado de propor coisas novas e se dar bem com isso. Entretanto, é legal sabermos que às vezes a gente vai se encontrar quase lá. E comportar-se de acordo com isso é importante; especialmente para não levarmos grandes rasteiras da vida.

  1. Entenda que ser um bom designer de interfaces é algo que vai além do domínio de uma ferramenta ou outra. Você deve compreender o que é design, ter boas noções de composição, equilíbrio e de cores. A ferramenta em si é, como já disse, secundária. Saber o que deve ser feito é infinitas vezes mais importante do que saber o que cada botão faz num software. Cuidado para não entender errado… Não quero dizer que você não deve dominar as ferramentas, mas sim que apenas dominá-las não faz de você um bom designer de interfaces. Para entender isso, há algumas boas fontes, on e offline. Os livros do Modesto Farina, o do João Gomes Filho e também o do Felipe Memória podem ajudar bastante nisso. O do Felipe, inclusive, deve ser lido por quem quer trabalhar com planejamento e com experiência também. Mas disso falaremos num momento mais adiante. Dentre as referências online, a Communication Arts é uma excelente pedida. Confesso que tenho um pouco de preguiça daqueles sites que reúnem uma listagem de sites bonitos. Isso porque geralmente não se vê muita criação, mas sim replicação…
  2. Colecione boas referências. Navegue bastante, leia bastante, assista bastante, preste atenção e tudo o que você vê nas ruas e fora delas. O tempo todo. Tudo pode ser uma boa referência. Mas a coisa não para por aqui. Você deve aprender a tratar as referências como referências. Policie-se para não sair por aí replicando as coisas que vê. Este é um grande desafio.
  3. Compreenda que desenvolver interfaces demanda conhecimento daquilo que você vai fazer, mas também conhecimento do público que vai usar aquilo que você vai fazer e – obviamente – das inclinações estratégicas da entidade para a qual você vai fazer aquela interface. Procure, então, conhecer o usuário, suas características, costumes e demandas, bem como aquilo que os concorrentes da entidade que lhe contratou para desenvolver aquela interface fazem e quais são os objetivos desta entidade tanto no que se refere a esta interface em si quanto no que se refere as estratégias mais abrangentes da entidade.
  4. Tenha em mente que desenvolver interfaces é uma etapa num processo maior, que acontece depois que ensaios visuais foram feitos e que pesquisas foram conduzidas e antes que as soluções sejam efetivamente construídas. Levem em consideração, então, que você deve saber trabalhar em grupo, se envolver em etapas anteriores e envolver produtores e programadores que colocarão as mãos na massa em etapas posteriores. E que fique bem claro que todos estão trabalhando para atingir um objetivo comum. Este tipo de envolvimento é bacana pois reduz riscos de retrabalho, garante o alinhamento do projeto e minimiza as chances de algo dar errado. Se você é um bom profissional e se vê em uma empresa que não pratica estas boas práticas, tentar implementá-las é uma excelente demonstração de sua capacidade e potencial. Se você não é um bom profissional, nem perceberá que é uma falha quando isso não acontece. E se você é um profissional medíocre, vai reclamar quando alguém da produção ou do planejamento der algum pitaco que macule a sua obra de arte. Pense nisso.
  5. Desenvolva suas capacidades no uso das ferramentas. Esta dica é a última justamente pois penso que este domínio, embora seja uma maneira bem fácil e eficiente de as empresas filtrarem os bons profissionais, não deve ser o seu objetivo final de desenvolvimento profissional. Guarde isso: todo bom designer de interfaces domina as ferramentas. Mas nem todos os que dominam as ferramentas são bons designers de interfaces. Uma coisa que recomendo a todos é evitar cursos puramente voltados ao uso dos software. Normalmente estes cursos são pouco produtivos. Costumo recomendar cursos aplicados a objetivos ou procedimentos específicos e também a utilização forçada… Algo que mistura a busca por referências, o aprendizado online por meio de tutoriais e o desenvolvimento de capacidades a partir do exercício forçado. pegar uma composição bacana e se propor a replicar aquele efeito que você achou legal é um excelente exemplo disso. É o famoso “aprenda fazendo”… Costuma ser mais eficiente do que um curso para saber quais são os atalhos da ferramenta.

É claro que esta é uma lista bem curta. Se você procurar um bom designer de interfaces, como o Herbert Rafael ou o Daniel Negreiros, eles te falarão muitas outras coisas bastante eficientes e mais específicas. De qualquer forma, imagino que estas cinco dicas listadas acima podem te ajudar a sair de um estado de mediocridade profissional e colocá-lo no rumo de um futuro mais bacana.

Parte 03 – Atendimento e GP

Então você se encaixa numa categoria que quase se gaba poor não ter que dominar código, saber fazer layouts e ainda assim quer trabalhar no crescente e promissor mercado de comunicação e tecnologia. Good for you! Lembre-se, no entanto, que, embora bastante comum em empresas de comunicação offline, um atendimento em empresas de tecnologia e comunicação não tem o direito de ser acéfalo

Saiba que é muito fácil você acabar sendo demitido(a) ou nunca contratado(a) se achar que dá para permanecer sem saber como as coisas funcionam ou o que é possível fazer ou não em um projeto de comunicação e tecnologia. Claro que tem gente que vai achar que é muito mais fácil desempenhar este papel (o de atendimento) num mundo onde as tecnologias mudam com uma rapidez absurda e que os profissionais responsáveis pela execução dos projetos ralam como loucos. Entretanto, a verdade não é bem essa.

Um primeiro motivo para esta não ser uma verdade é que existem empresas que insistem em misturar o atendimento com o gestor de projetos (GP) e isso acaba por tornar a vida deste profissional um caos. Entendo que é muito complicado manter uma estrutura grande em vários casos, mas quando não é possível ter dois profissionais distintos para estas funções, deve existir uma contra-partida salarial e de carga de clientes. Então, a primeira coisa a fazer é saber dimensionar a capacidade de gerenciamento de contas que um profissional deve desempenhar na empresa. Esta quantidade não deve ser muito grande pois isso facilmente gerará decepção por parte dos clientes e isso nada é bom para os negócios.   Outra coisa importante que empresas costumam negligenciar é que este profissional – por ser muito exigido e desempenhar papel importante nos projetos – deve ser remunerado de forma adequada. Se a empresa quiser pagar pouco, terá sempre que se contentar com acéfalos. Aí, não há do que reclamar. Cada um cava sua cova.

Tratadas as questões estrutural e de condições de trabalho (que são de responsabilidade das empresas), vamos ao que é demandado deste profissional. Como já disse, muita gente acha que este é o trabalho mais “mamata” da empresa, mas não é por aí. Este profissional deve ter um bom conhecimento de tudo o que é possível ser feito, de todas as tecnologias e possibilidades de atuação existentes e ser um excelente comunicador e intermediador de relações. De nada vale um atendimento que funciona apenas como um leva-e-traz de demandas por parte do cliente e de respostas por parte da empresa. Este profissional deve ser capaz de – quando no cliente – saber responder o que a empresa dá conta de fazer, ter boa noção de prazos e capacidades e também ser capaz de frear as viagens do cliente, passando a ele um panorama real de tudo o que será feito. Do lado da empresa, ele deve ser capaz de representar o cliente ali, junto aos profissionais de planejamento e de produção. Ele deve conhecer o cliente muito bem para saber – antes de apresentar alguma proposta – se aquilo vai ser aprovado ou não tem chances. Sua importância é vital pois é ele quem representa a empresa junto ao cliente e também representa o cliente dentro da empresa. Viu só como este profissional é importante? Se for um acéfalo, a empresa estará dando um tiro no próprio pé!

Como se não bastassem as atribuições e características acima descritas, há empresas (e não são poucas) que ainda empilham nas costas destes profissionais a função de gerenciar projetos. Como disse, não acho que isso é legal, mas… Não sou eu quem regula o mercado. Assim sendo, vamos a algumas características imprescindíveis que um gestor de projetos deve ter. Além de ter as boas noções de prazos, capacidades, possibilidades e um bom conhecimento do orçamento e das diretrizes do projeto, este profissional deve ter uma excelente noção de tempo para bem planejar as atividades que serão desempenhadas. Ele deve ser o responsável pela montagem de um cronograma válido (Este papo de que “nenhum cronograma é respeitado” é coisa de gente ruim de serviço. Não é para me gabar, mas em meus cinco últimos trabalhos, me vi encurralado com um cronograma desumano, mas respeitei todos os prazos que me foram impostos e entreguei tudo o que me pediram nas datas combinadas. E olha que não eram trabalhos que dependiam apenas de mim…)  e de cuidar para que este cronograma seja cumprido. Ele deve saber alocar recursos e profissionais dentro da empresa e cobrar o que for necessário ser entregue pelo cliente.

Além disso tudo, este profissional tem papel fundamental no planejamento da solução. Sem que tem empresa que ainda empilha mais esta função ao profissional, mas aí é demais. Este tipo de coisas simplesmente não funciona e quem faz isso, em minha opinião, tem mais é que se dar mal mesmo. Empilhar três funções é forçar demais a barra. O ideal é que sejam três profissionais distintos (atendimento – GP e Planejamento). Empilhar duas funções (Combine o empilhamento como quiser) ainda vai. Mas três, é demais.

Donos de empresa e profissionais, lembrem-se de que a ganância é a ruína do homem. Se você quer ganhar mais e contratar menos gente, isso terá consequências. Se você quer ganhar mais e acumular funções, saiba que isso terá consequências…

Entretanto,  o profissional que gerencia os projetos deve ter um excelente trâmite tanto junto ao planejamento quanto com a direção de arte e a produção; sem mencionar o cliente.

Novamente pergunto, retoricamente: viu como este profissional não pode ser um acéfalo? Se você quer ser este profissional, saiba que ele ganha muito bem (ou pelo menos deve ganhar) e que o bônus não vem desacompanhado de ônus (normalmente é o cara que mais se estressa durante um projeto, e é o que menos pode demonstrar isso).

Para não ser um profissional medíocre, então, um resumo de qualidades a perseguir:

  1. Não seja um ignorante digital. Conheça tecnologias, possibilidades e capacidades. Entenda de conceitos novos e saiba que você sempre será demandado por parte do cliente para explicar o que deve ser feito e os motivos de tal coisa ser feita de um jeito ou de outro. Você deve ser capaz de prometer entregar algo que a sua produção consiga fazer.  Saber falar a língua do cliente e também a da produção é primordial. Os pré-requisitos não são poucos.
  2. Ter um excelente jogo de cintura. Você vai ter que lidar com prazos apertados vindos do cliente e muitas vezes empurrados para a produção. Você vai ter que agradar ambos. Boa capacidade de comunicação e ser uma pessoa que se relaciona facilmente com os outros são importantes para este profissional.
  3. Saber que você deverá ter conhecimento mais do que básico de planejamento, direção de arte, produção e – claro – gestão de projetos. Este conhecimento não é técnico necessariamente, mas sim do que consistem estas atividades. Você sera muito cobrado e cobrará muito. É preciso ter conhecimento para isso.
  4. Lembre-se: você representa o cliente na empresa e a empresa no cliente. Aprenda a agir profissionalmente e de maneira completa. Conheça bem o cliente e também a empresa.  Saiba gerenciar expectativas e cobranças.
  5. Por último, aprenda que é importante ser uma pessoa organizada é algo mais do que imprescindível para desempenhar estas funções. Se você perder o fio da meada, muita coisa ruim vai acontecer com seu projeto, seu cliente e, consequentemente, com seu emprego.

Bem, espero que estas dicas ajudem você profissional e também você que tem uma empresa; afinal, não é só responsabilidade do empregado responsável por estas funções fazer as coisas andarem.

Parte 04 – Planejamento

Post rapidinho para dar sequência aos apontamentos de soluções para o apagão da mão-de-obra qualificada.

Um profissional de planejamento medíocre que trabalha com comunicação e tecnologia é aquele que já tem o site / produto / ação completamente planejado enquanto o atendimento lhe repassa o briefing. É aquele profissional que acha que um microsite (uma aberração também chamada de hotsite) resolve qualquer problema de lançamento de produto e acredita no mantra de que o importante é “gerar buzz” (seja lá o que isso queira dizer). Ou seja: um profissional de planejamento medíocre é aquele que trabalha com soluções pré-fabricadas e não entende (ou acha que não precisa saber) as necessidades dos usuários e de seu cliente. Suas propostas não inovam e nem se modificam. E o mais grave: ele acha que sabe algo. E isso é muito perigoso!

Para ser bem direto, se você se enxergou em alguma(s) das afirmações sobre um profissional de planejamento medíocre apresentadas acima, eis algumas dicas para você:

  1. Seu trabalho não acontece dentro de quatro paredes.  Saia da sua sala e vá para a rua. Conheça o usuário que vai se beneficiar daquilo que você está fazendo (ou planejando). Conheça as reais necessidades do cliente que te contratou. Converse com ele. Procure entender o que deve ser bom para estes dois “stakeholders” em especial. Ganhar um prêmio de criatividade deve ser uma consequência e não um objetivo. Pense que seu objetivo é fazer algo que seja apropriado para as necessidades do usuário e que atinja os objetivos do cliente. Observe os concorrentes e aprenda a aproveitar o que há de melhor e evitar replicar o que há de ruim nestas iniciativas. Pesquise antes de começar a apontar soluções baseadas em sua “experiência”. Aprenda a ensaiar e a testar antes de apresentar uma solução final.
  2. Seu trabalho não é centrado em você.  Seu trabalho é centrado no usuário que vai se beneficiar daquilo que você está fazendo (planejando). Não ache que você conhece o usuário sem ter ido a campo e realmente observado, conversado e aprendido. Muitas vezes vemos soluções concebidas com base em pré-conceitos (no sentido restrito da expressão) e que não funcionam. Para evitar isso é legal ter sempre em mente que o profissional de planejamento é muito importante porque ele deve ser o profissional capaz de transformar esta massa bruta de informações em uma proposta de solução adequada, e não porque ele já conhece como o usuário pensa. Aliás, quando alguém falar isso, saiba que trata-se de principal cartão de visitas de um profissional de planejamento medíocre.
  3. Seu trabalho não consiste em reinventar a roda.  Isso não quer dizer que todas as soluções propostas por você devem ser iguais… Entenda: Você não tem que ser inventivo, você precisa ser atento e competente para planejar soluções adequadas para os usuários e – obviamente – que estejam dentro dos objetivos propostos pelo cliente que te contratou. Isso quer dizer que os trabalhos não têm que ser totalmente inéditos, eles têm que ser adequados. Esta adequação pode implicar em adaptar algo que já funciona hoje sem ter que reescrever tudo a partir do zero… Entendeu?
  4. Seu trabalho não depende apenas de você.  Você é parte de uma equipe. Se você planejar algo que não pode ser executado, seu trabalho não valeu muito. Se você planejar algo que está em desacordo com as diretrizes passadas a você, você não fez um bom serviço. Se você se fechar numa salinha e resolver tudo sem consultar o cliente, o atendimento, conversar com o designer de interface, o produtor e pesquisar com o usuário, você não terá feito um bom trabalho. Você não é obrigado a saber tudo. Por isso existe uma equipe. O profissional que acha que sabe tudo, não é um profissional, é um idiota. Você tem que se lembrar que seu trabalho tem um objetivo – apontado pelo cliente – e uma prioridade – atender as necessidades dos usuários. Ninguém consegue atingir um objetivo e atender uma prioridade tão amplos como estes sozinho.
  5. Seu trabalho não se resume ao que você tem que fazer.  Aprenda a perguntar. Profissionais de planejamento costumam se colocar numa posição de oráculo, dando mais respostas do que fazendo perguntas. Isso não deve existir. Você precisa conversar e tentar ir além, tendo em mente o objetivo e a prioridade que foram apresentadas acima. Fazer além é extrapolar aquelas linhas da OS dentro destes parâmetros. Não se trata de fazer o que não foi pedido, afinal, você não tem bola de cristal. Trata-se de resolver problemas de maneira eficiente pensando além (pode ser em termos de prazo, de alcance ou de escopo). Outra coisa importante, dentro desta premissa é entender que seu trabalho deve ser complementado com os expertises dos outros membros da equipe. O trabalho deve ser feito em conjunto, sempre!
  6. Seu trabalho demanda ficar atento e prestar atenção em tudo a sua volta. Planejar ações implica em saber caminhos que podem ser seguidos. Para saber qual caminho escolher, é preciso conhecer os caminhos e entender os destinos para os quais estes caminhos levam. Isso quer dizer que você deve experimentar as coisas, saber como elas funcionam e entender o que há por trás delas. Se você não tiver este conhecimento, fatalmente suas propostas de soluções serão ainda mais limitadas.

Update: São capacidades imprescindíveis para um profissional de planejamento:

  • Saiba trabalhar com métodos e técnicas de pesquisa
  • Saiba perguntar e retirar a essência nas respostas recebidas
  • Saiba se explicar por meio de textos e visualmente
  • Saiba trabalhar em equipe
  • Saiba conversar com usuários, cliente e equipe

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